SANGUE NO SERTÃO: OS HORRORES DO CANGACEIRO CORISCO, O DIABO LOURO.
Gerar link
Facebook
X
Pinterest
E-mail
Outros aplicativos
SANGUE NO SERTÃO: OS HORRORES DO CANGACEIRO CORISCO, O DIABO LOURO.
Líder após a morte de Lampião, o alagoano ficou conhecido pela brutalidade e pouca diplomacia
Corisco, principal alcunha do cangaceiro alagoano Cristino Gomes da Silva Cleto, entrou para o banditismo após ser declarado de morte por um coronel de Água Branca, ao matar um de seus homens. O jovem alto, bonito e forte adentrou ao grupo do Capitão Virgulino Lampião. Rapidamente, por suas habilidades físicas (e pouco diplomáticas), ele ganhou a confiança do sanguinário e se tornou principal líder de subgrupo de bandoleiros.
Assim, Corisco ganhou autonomia como comandante de ações, tendo praticamente o próprio bando. Nesse tempo, cometeu diversos crimes violentos, pelos quais era famoso. Pelas poucas palavras, ações sangrentas e mechas douradas, ficou conhecido como o Diabo Louro.
Uma das ações mais brutais de Corisco foi o estupro de Dadá, ação que levou a mulher a sofrer uma hemorragia muito séria, e quase resultou em seu óbito. Sequestrada, ela se casou com o cangaceiro e passou a viver junto a ele, se tornando uma das mais brutais mulheres do cangaço. Contam às histórias que Corisco aprendeu com Dadá a ser mais gentil e delicado e a relação de ódio e imperatividade entre os dois se tornou um caso de amor.
Ao mesmo tempo em que arisco, o cangaceiro ensinou a esposa a usar armas, ler, escrever e contar, coisa que aprendera antes de entrar para o crime aos 17 anos. Porém, essas habilidades não impediam o líder do cangaço de ser um brutal e sanguinolento bandido.
Corisco e Dadá tiveram sete filhos, mas apenas três deles sobreviveram aos primeiros anos e foram enviados para as cidades, para que não crescessem nos bandos nômades do sertão. Devido a algumas alianças com coronéis, ele conseguiu uma boa vida para esses sobreviventes.
As abordagens de Corisco corriqueiramente apelavam para a ironia. Ao mesmo tempo em que posava de superior, ele tratava de maneira violenta, e às vezes até sádica, suas vítimas. Lidando dessa maneira com populações pobres, Corisco e Lampião marcaram uma virada no cangaço, que no século 19 não tinha como horizonte possível um trato forçoso e sangrento com as vitimas da exploração sertaneja.
Há relatos de abordagens de Corisco em que a violência é usada apenas como diversão, principalmente contra populações indefesas. Muitas vezes, o cangaceiro não fazia distinção entre um comboio milionário e um sertanejo pobre.
No entanto, o caso de violência mais famoso do Diabo Louro ocorreu após o assassinato do bando de Lampião pelas volantes em Angicos, 1938. Após uma emboscada enquanto os bandidos dormiam, os policiais degolaram onze cangaceiros, entre eles Virgulino e Maria Bonita. Como Corisco e Dadá estavam distantes, na Fazenda Emendada, eles sobreviveram. Tornando-se os novos reis do cangaço, partiram para a vingança.
Atrás dos traidores que entregaram a localização de Lampião à polícia, Corisco descobriu com Joça Bernardo o local da fazenda de um antigo aliado, José Ventura Domingos e, lá, matou e degolou o fazendeiro e sua esposa, crendo completar sua vingança. Depois, matou os filhos de José. Acontece que, na verdade, Corisco fora enganado: o verdadeiro traidor de Virgulino fora o próprio Joça Bernardo, que tapeou o Diabo Louro para fugir.
A informação rapidamente se disseminou, pois Corisco enviou as cabeças degoladas ao tenente João Bezerra.
Tentativa de redenção
Então, as autoridades volantes saíram em busca de Corisco. O governo Vargas aumentara a patrulha e a estratégia contra os cangaceiros, e cada vez mais os líderes erram derrubados. Num ataque, o Diabo foi baleado de uma maneira que sua mão direita ficou paralisada. A partir de então, Dadá se tornou a atiradora do grupo. Suas alianças rapidamente deixaram de existir: os coronéis não gostavam dele, que era muito bruto.
Por dois anos, Corisco conseguiu fugir das autoridades dos estados e do Exército, sem angariar mais confidentes. Por esse motivo, em maio de 1940, ele dissolveu o bando e saiu sozinho com Dadá pelo sertão baiano, buscando refúgio. Cortou o cabelo, passou a se vestir como vaqueiro e deu início a um planejamento em que pretendia largar o banditismo e recomeçar a vida.
Todavia, antes que isso fosse possível, eles foram novamente abordados pelas volantes: mesmo querendo se entregar, aproveitando a lei de Vargas que anistiava cangaceiros desistentes, ele declarou não ver Zé Rufino, policial que o atacara em Barra do Mendes, como digno de sua captura. Resistindo, foi metralhado na barriga, tendo seus intestinos lançados para fora. Viveu por mais dez horas, morrendo naquele mesmo dia.
+Saiba mais sobre o Cangaço por meio das obras disponíveis na Amazon
Apagando o Lampião: Vida e Morte do rei do Cangaço, Frederico Pernambucano de Mello - https://amzn.to/2RUsU7d
Biografia de Maria Bonita RESUMO DA BIOGRAFIA DE MARIA BONITA Maria Bonita (1911-1938) foi a companheira do chefe do cangaço Virgulino Ferreira da Silva o Lampião. Foi a primeira figura feminina a ingressar no principal bando de cangaceiros do Nordeste, em meados de 1930. Maria Gomes de Oliveira, conhecida como Maria Bonita, nasceu numa pequena fazenda no povoado de Malhada da Caiçara, município da Gloria, atual cidade de Paulo Afonso, na Bahia, no dia 8 de março de 1911. Filha dos pequenos lavradores José Gomes de Oliveira e Maria Joaquina Conceição Oliveira. Com 15 anos foi obrigada a se casar com o sapateiro José Miguel da Silva, mas as brigas eram constantes e o casamento não deu certo. Depois de cada briga, Maria Bonita buscava abrigo na casa dos pais. Em 1928 resolveu se separar do marido – numa época em que a separação era algo inaceitável. Em 1929, morando na casa dos pais, conheceu Lampião, que em suas andanças passava com seu bando pelas fazendas da reg...
CONHEÇA O JORNALISTA RANGEL ALVES COSTA DO NORDESTE. Rangel Alves da Costa nasceu em 16/03/1963, em Poço Redondo/SE. É advogado (OAB/SE 3478), escritor, jornalista (DRT/SE 2205), pesquisador, foi membro da Comissão de Direitos Humanos da Seccional da OAB/SE. Membro da Associação Sergipana de Imprensa - ASI (Mat. 940). Publicou os seguintes livros: Estórias dos Quatro Ventos (crônicas), Memória Cativa – O Sertão em Prosa e Verso, Sertão - Poesia e Prosa, Tempestade (romance), Ilha das Flores (romance), Evangelho Segundo a Solidão (romance), Desconhecidos (romance), Todo Inverso (poesias), Já Outono (poesias), Poesia Artesã (poesias), Andante (poesias), O Livro das Palavras Tristes (crônicas), Crônicas Sertanejas (crônicas), Crônicas de Sol Chovendo (crônicas), Três Contos de Avoar (contos), A Solidão e a Árvore e outros contos (contos), Poço Redondo – Relatos Sobre o Refúgio do Sol, Da Arte da Sobrevivência no Sertão, Estudos Para Cordel (prosa rimada sobre o cordel), Todo o ...
Comentários
Postar um comentário