Volta Seca, o mais jovem e um dos mais temidos cangaceiros.

 Volta Seca, o mais jovem e um dos mais temidos cangaceiros.

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Antonio dos Santos, vulgo Volta Seca, sergipano de Itabaiana, ingressou no bando de Lampeão quase menino para escapar às surras diárias que sua madrasta lhe aplicava. Pode se dizer que pulou da frigideira e caiu no braseiro porque começou a ser surrado por Lampeão e pelos demais por causa de suas peraltices, próprias da idade. Suas funções se limitavam a dar banho nos cavalos, lavar louça e roupa suja e também espionar nas cidades se havia muitos policiais em ronda. Tanto apanhou que acabou se tornando um dos cangaceiros mais violentos de todo o bando. Astuto, corajoso e agressivo, em contraste com uma grande sensibilidade artística. Apesar de semi alfabetizado, escrevia com grande facilidade versos e também compunha músicas que o bando inteiro conhecia e entoava com entusiasmo quando estava acampado em alguma fazenda sob proteção do próprio dono.
Em 1944, chegou a fugir da prisão após serrar as grades da cadeia e escapulir por uma fresta entre fios elétricos no muro do presídio. “Em pouco mais de 20 dias, fui a pé da Bahia até Sergipe”, narraria o cangaceiro em entrevista ao jornalista Joel Silveira.
Condenado a 145 anos de prisão, teve pena posteriormente reduzida para 20 anos. Em 1952, recebeu o indulto do presidente Getúlio Vargas. Nas tentativas de reduzir a pena, Volta Seca diz ter apelado para Irmã Dulce, que teria intercedido por ele junto às autoridades, conforme narrou em entrevista ao Diário da Noite, do Rio de Janeiro.
“Há uma figura nobre que tem olhado esse meu caso. É a Irmã Dulce, freira do Círculo dos Operários. É a santa criatura que constantemente intercede por nós aqui na penitenciária. Prometem a ela, mas nada cumprem.
Em 1954, Volta Seca foi perdoado pelo presidente Getúlio Vargas. Em liberdade, analfabeto e um homem marcado pela vida no cangaço do Sertão nordestino, viu-se diante de um grande desafio. Casou-se e foi morar no Nordeste, quando recebe um convite para morar em São Paulo, do cineasta e diretor Lima Barreto, para assistir e criticar o filme, O Cangaceiro (1953), mediante uma gratificação. O ex-cangaceiro condenou a cena em que Lampião chicoteia um cabra na cara. Diz que nos sertões, não se faz isso com homem, se mata, pois cara de homem no Nordeste é sagrada. Graças às novas amizades conseguiu emprego na Estrada de ferro Leopoldina, onde trabalhou por vários anos.
Cantor e compositor em 1957, Volta Seca gravou pela Continental um LP, com apenas 8 faixas, ‘As Cantigas de Lampião’, com instrumentação do maestro Guio de Moraes: ‘Acorda Maria Bonita’, ‘Escuta Donzela’, ‘Eu não pensei tão criança’, ‘Lá prá Mina’, ‘A Laranjeira’, ‘Mulher Rendeira’, ‘Lampião e Sabino’, ‘Se eu Soubesse’. Em 1959, teve o baião ‘A Laranjeira’ gravado por Zé do Baião, e no ano seguinte, por José Tobias, a toada ‘Se eu Soubesse’.


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